Aulas Saber Ciência A 2ª lei de Newton: Uma abordagem investigativa

Autora: Cecilia Tung, The University of California Museum of Paleontology, Berkeley

Resumo: Nesta atividade de laboratório, os alunos agem como colegas cientistas e colaboradores de Isaac Newton. Ele pediu-lhes para testarem de forma independente as suas ideias sobre a natureza do movimento, em particular a sua 2ª lei. A ênfase aqui é sobre o processo da ciência, e não nos resultados reais. Os alunos têm que se concentrar em como é que iriam conceber um procedimento para testar a hipótese de Newton e, em seguida, comunicar essa ideia aos outros.

Conceitos:

Nível de Ensino: 10-12

Materiais: À medida que os alunos desenvolvem os seus próprios procedimentos, você vai querer fornecer uma variedade de materiais para eles selecionarem. Estes incluem materiais escolares normais em laboratórios de física: carrinhos de dinâmica (pequenos carrinhos com rodas), cronómetros, metros (réguas desdobráveis de madeira), roldanas, corda, e pesos. Dependendo do nível e interesse da turma, você pode querer utilizar uma calculadora, sensor de força, e um acelerómetro ou sensores fotoelétricos, a fim de recolher dados mais precisos.

Tempo: Uma a duas aulas

Organização: Grupos de 3 ou de 4

Informação de Apoio: Reveja a informação em Como a ciência funciona de modo a identificar os conceitos-chave que você deseja reforçar em relação ao teste de ideias científicas, a lógica de um argumento científico, interpretação de dados, fazer suposições, replicação e revisão por pares.

Sugestões: Esta é uma atividade de laboratório que normalmente é dada aos estudantes com um procedimento predeterminado para eles seguirem. Nesta versão da aula, os alunos devem definir os seus próprios procedimentos para verificar a 2ª lei de Newton. Como a ênfase aqui é sobre o processo da ciência, e não sobre os resultados reais, alguns alunos podem não ver isto como ciência "verdadeira". É, de facto, uma grande parte do processo científico seguido por investigadores reais. É importante que os alunos percebam quanto tempo pode e deve demorar a fase de conceção de um bom procedimento.

No âmbito desta atividade, a 2ª Lei de Newton é referida como uma hipótese, visto que os alunos agem como se fossem contemporâneos de Newton a testar as suas ideias.

As instruções dadas foram propositadamente reduzidas ao mínimo, de modo a que os alunos definam as suas próprias ideias ao invés de seguir um método especificado. Você pode precisar de adicionar mais orientações para alguns alunos.

Realização da Atividade:

  1. Comece por descrever o seguinte cenário aos seus alunos: Imagine que você é um contemporâneo de Isaac Newton. Ele tem vindo a trabalhar febrilmente na compreensão da natureza do movimento, e acredita que condensou todas as suas observações e experiências de forma sucinta numas poucas "leis" que parecem governar o modo como os objetos se movem. Você é um dos seus amigos e colegas cientistas de maior confiança. Ele desenvolveu um método muito sistemático de executar as suas experiências, mas ele quer que você desenvolva o seu próprio método independentemente do dele, para realmente testar se as ideias dele são corretas.
    Um aspeto da explicação de Isaac pode ser resumido pela seguinte equação:

    Ftotal = (massa) x (aceleração)

    Se um objeto acelera, é porque uma força total atua sobre ele. A força total é o resultado da combinação de todas as forças que atuam sobre um objeto. Levando em consideração a grandeza e a direção, a força resultante sobre um objeto tem uma grandeza medida em newtons, e uma direção específica. A aceleração resultante do objeto será proporcional à força total e na mesma direção que a força total, e inversamente proporcional à massa do objeto. Aqui está um exemplo específico. Uma caixa cheia de maçãs é puxada através de uma força de 25 N para a direita, tal como mostrado em baixo. Existem três outras forças que atuam sobre a caixa: gravidade, atrito e a força de apoio no chão. Se Newton estiver correto, a aceleração da caixa vezes a massa da caixa será igual à soma das forças exercidas sobre a caixa, tendo em conta a direção. Assim, a força de apoio e a força da gravidade anulam-se mutuamente, e a força total é simplesmente a diferença entre a força aplicada e a força de atrito. Uma vez que a força aplicada é maior, a força resultante será nessa direção.
  2.  
    figura de Newton - forças
     
  3. Forneça as seguintes indicações aos seus alunos: Com um parceiro ou em grupo, determinem um método para testar a hipótese de Newton que uma força resultante produz uma aceleração na mesma direção, proporcional à força total, e inversamente proporcional à massa do objeto. Escrevam um procedimento completo, que utilize dispositivos de medição e equipamento disponível para testar a totalidade ou parte desta hipótese. O procedimento deve incluir algumas informações básicas sobre a relação entre as variáveis, bem como o que vocês estão a tentar testar. Incluam uma tabela de dados e quaisquer suposições específicas que tenham de ser feitas de modo a completar a experiência (por exemplo, vocês estão a assumir que o atrito é constante durante todo o movimento?). Forneçam uma explicação de qualquer tipo de análise que seja necessária. Sejam o mais específicos possível.
    Nos vossos resumos escritos do processo, pensem e respondam a estas perguntas:
    • Que relação é que estão a tentar testar?
    • Há três variáveis ​​na equação. Em quais duas é que vocês se vão concentrar em primeiro lugar?
    • Como é que vão manter a outra variável constante?
    • Que tipo de equipamento é que vocês precisam para medir as outras variáveis​​?
    • Que tipo de dados é que vocês esperam conseguir?
    • Como é que vão apresentar e analisar os dados?
    • Vocês precisam de fazer quaisquer simplificações ou aproximações? Essas suposições são justificadas?
    • Que outras equações é que vocês têm que usar para completar o teste?
    • A vossa experiência testa todos os aspetos da hipótese de Newton?
    • Vocês vão "provar" que as ideias de Newton estão corretas?
    • Qual é o papel do "erro" na conceção e execução da experiência?
  4. Peça aos alunos para partilharem o seu método experimental com alunos de outro grupo. Aconselhe-os a olharem objetivamente para o segundo projeto e a notarem as semelhanças e diferenças em relação ao seu próprio método.
  5. Dê tempo aos alunos para refletirem. Pergunte: Qual foi o caminho que vocês seguiram quando fizeram observações iniciais e na conceção, execução e interpretação da vossa experiência? Em que pontos é que tiveram mais sucesso? Em que pontos é que vocês enfrentaram os maiores desafios? No fim, o que é que vocês aprenderam de mais importante sobre o processo da ciência? Como turma, discutam os diferentes métodos utilizados por cada grupo. Em particular, discutam se todos os alunos usaram a mesma abordagem, que ajustes tiveram que ser feitos em relação às vossas ideias originais, e se os alunos sentiram ou não que tinham "provado" que Newton estava correto.

Extensão: Os alunos podem refletir sobre o processo da ciência, traçando os seus caminhos no Fluxograma da Ciência.

Os alunos devem escrever um resumo dos passos que eles tomaram no seu processo e numerá-los. Anote os números destas etapas numa cópia do Fluxograma da Ciência. Desenhe um pequeno círculo em torno de cada número. Então, ligue os pontos. Os alunos podem comparar os seus caminhos uns com os outros.

 
Uma aula Saber Ciência
© 2010 The University of California Museum of Paleontology, Berkeley, and The Regents of the University of California