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Arthur Eddington (esquerda) e Albert Einstein (direita). Eddington foi um dos astrónomos que concebeu um teste para a teoria da relatividade de Einstein. |
Você pode imaginar os cientistas a fazer experiências com ratos, bactérias, produtos químicos ou mesmo com partículas de alta energia mas e com estrelas? Como é que isso é possível? Embora seja verdade que as estrelas são, para dizer o mínimo, sujeitos experimentais pouco cooperantes, os cientistas podem observar e observam mesmo os resultados de experiências naturais nessas maciças bolas de gás. Numa experiência natural, o universo, em certo sentido, faz a experiência para nós tal como fez com a teoria da relatividade geral de Albert Einstein.
Proposta em 1915, a teoria descreve relações entre espaço, tempo, massa e gravidade. Uma das expetativas que gera é que o campo gravitacional causado pela massa deve parecer que desvia a luz. Por outras palavras, se a teoria da relatividade geral fosse precisa, quando a luz passa perto de objetos de massa elevada, a sua trajetória deveria aparecer desviada. Isto pode parecer uma expetativa que seria fácil de testar com uma experiência simples: comparar a trajetória da luz quando objetos grandes são colocados perto do seu caminho, com a trajetória que a luz toma quando os objetos são afastados do seu caminho. Mas isso é mais fácil de dizer do que de fazer. Para podermos observar a deflexão da luz, os objetos em questão têm que ser tão pesados quanto o nosso próprio sol mais de 300 mil vezes a massa da Terra! e não é fácil andar com eles de um lugar para o outro para fazermos a nossa pequena experiência.
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A relatividade geral leva-nos a esperar que a massa curve o espaço-tempo e que isso, por sua vez, afete o caminho da luz. |
Felizmente, o universo tem disponíveis à nossa volta muitos exemplos desta experiência natural. A luz das estrelas viaja para a Terra através de longas distâncias. Como o nosso planeta se move em torno do Sol, a luz dessas estrelas chega até nós através de caminhos que às vezes passam perto do nosso Sol. Deveríamos ser capazes de comparar o caminho da luz das estrelas quando passam perto do Sol com o caminho da luz das estrelas que nos chega sem passar perto do Sol, o que nos permitiria descobrir se as observações apoiam ou refutam a teoria de Einstein. Infelizmente, esta experiência natural tem também um problema inerente. O Sol é tão brilhante que é difícil ver a luz das estrelas passando perto dele! Basta olhar para o céu num dia ensolarado. Vê alguma estrela? Não? Elas estão lá, mas você não pode vê-las por causa do brilho do sol. A altura exata em que gostaria de ser capaz de observar a luz das estrelas (quando está a passar perto do Sol) é a altura exata em que a luz das estrelas não pode ser vista.
Se a teoria da relatividade de Einstein estivesse correta, luz estelar que passa na proximidade do Sol deveria mostrar um maior grau de desvio. |
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O negativo de uma das chapas fotográficas tiradas por Eddington e Dyson durante o eclipse com linhas tracejadas indicando as posições das estrelas. Os investigadores tomaram precauções para evitar erros ao medir as posições destas estrelas. |
Para observar os resultados desta experiência natural, seria preciso ter um interruptor que desligasse a luz do sol durante o dia. Claro, tal não é possível. No entanto, logo depois de Einstein ter proposto a teoria geral da relatividade, o astrónomo Arthur Eddington percebeu que o movimento de objetos dentro do sistema solar nos fornece uma espécie de interruptor natural. Durante um eclipse solar, a Lua interpõe-se entre a Terra e o Sol, bloqueando a luz do Sol por alguns minutos. Será que isso nos permite observar os resultados da nossa experiência natural o trajeto da luz das estrelas passando perto do Sol? O próximo eclipse solar iria ocorrer em 19 de março de 1919, e os astrónomos estavam preparados. Os cientistas tiraram, durante o eclipse, fotos de grupos de estrelas posicionadas perto do Sol e compararam-nas com fotos similares tiradas à noite quando a luz dessas estrelas não passa perto do sol antes de chegar até nós. As fotos revelaram que a gravidade do sol, de facto, altera o trajeto da luz das estrelas quando esta passa na sua proximidade e forneceu forte evidência em apoio da teoria geral da relatividade. É claro que a teoria também pode ser testada numa escala muito menor através da experimentação convencional e quando a tecnologia alcançou o desenvolvimento necessário para realizar estes testes, a relatividade geral passou com distinção. No entanto, para muitos cientistas, essa experiência natural cósmica facilitada por um eclipse solar foi uma evidência particularmente convincente para a validade da teoria da relatividade geral de Einstein. |
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