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As ideias científicas e as tecnologias que estas inspiram não formam pares exclusivos; uma ideia científica pode estar associada a muitas tecnologias diferentes e um aparelho tecnológico frequentemente depende de uma infinidade de ideias científicas. Por exemplo, a próxima vez que você pegar no seu telemóvel para fazer uma chamada, faça uma pausa para considerar todas as diferentes ideias científicas embrulhadas naquele pequeno objeto na palma da sua mão.
Leia mais para obter uma ideia da ciência, por vezes estranha, que está por detrás das nossas tecnologias quotidianas.
- caixa de plástico: Por volta de 1900 o químico Leo Hendrik Baekeland decidiu descobrir um substituto sintético para a goma-laca, que era usada para isolar fios. Ele relembrou o trabalho de Adolf von Baeyer que, trinta anos antes, tinha descoberto que o formaldeído e o fenol reagem para formar um material pegajoso. Depois de anos de experimentação, em 1909 Baekeland produziu o primeiro plástico totalmente sintético, que abriu o caminho para a miríade de plásticos que temos hoje - incluindo os que formam o corpo do seu telemóvel.
- antena: Em 1864, o físico James Clerk Maxwell publicou um artigo propondo uma única teoria que explicava tanto a eletricidade como o magnetismo. O seu colega físico Heinrich Hertz percebeu que se as ideias de Maxwell estivessem certas, então poderiam ser construídos dispositivos para enviar e detetar radiação eletromagnética. Os dispositivos que Hertz construiu foram as primeiras antenas, e ajudaram a confirmar a teoria da radiação eletromagnética de Maxwell. Foram as precursoras da antena do seu telemóvel.
- bateria: No séc. XVIII Luigi Galvani, inadvertidamente, criou a bateria quando percebeu que as pernas de uma rã dissecada se contraíam quando os músculos entravam em contato com dois metais diferentes e formavam um circuito. As pernas em movimento sugeriam a presença de uma corrente elétrica mas de onde? Galvani pensou que a eletricidade vinha do próprio sapo. Depois de ler sobre a estranha observação, o físico Alessandro Volta argumentou que os metais produziam a eletricidade. Nenhum dos dois estava certo - era a interação dos metais com o líquido salgado no corpo das rãs que produzia eletricidade - mas para os utilizadores de telemóveis, o resultado deste debate científico continua a ser o mesmo: a bateria.
- ecrã de cristal líquido: Em 1888, o botânico Friedrich Reinitzer estava a estudar o colesterol. Ele precisava de uma amostra pura de benzoato de colesterol, uma substância à base de colesterol encontrada em plantas. Ao aquecer benzoato de colesterol Reinitzer encontrou algo incomum: a 145,5 °C o cristal sólido tornou-se um líquido escuro, e a 178,5 °C o líquido de repente ficou claro. Intrigado, ele enviou uma amostra ao físico Otto Lehmann. Lehmann descobriu que entre os dois "pontos de fusão", a amostra tinha propriedades tanto de líquidos como de cristais. Lehmann fez a hipótese que Reinitzer tinha encontrado um novo estado da matéria o "cristal líquido". Isso impulsionou novas pesquisas em cristais líquidos, e levou a aplicações como o ecrã de cristal líquido no seu telemóvel.
- altifalante: No século IV AC, Aristóteles colocou a hipótese de que o som é a vibração das moléculas. Durante dois mil anos, a hipótese de Aristóteles foi aceite, apesar do facto incómodo que o som não causava nenhum movimento detetável do ar. Em 1660, Robert Boyle testou isto retirando o ar de uma câmara que continha um sino. Se Aristóteles estivesse certo, tocar este sino-em-vácuo não faria nenhum barulho, visto o movimento do som requerer ar. E realmente, Boyle não ouviu o sino. Duzentos anos mais tarde, foram desenvolvidas membranas finas que se movem em resposta a um sinal elétrico, gerando vibrações no ar gerando, portanto, som. Estes foram os primeiros altifalantes - os precursores dos minúsculos altifalantes no seu telemóvel.
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