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Endossimbiose
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  Atualizar a teoria da evolução
Margulis pode ter estado errada quando afirmou que os organelos tubulares resultavam de endossimbiose — muitos biólogos pensam que esta parte da sua hipótese não é apoiada pela evidência — mas as suas ideias foram, ainda assim, uma das maiores contribuições para a biologia evolutiva dos últimos 100 anos. Margulis não contrariava nenhuma das ideias principais da evolução, mas forçava algumas delas a criar espaço para algumas modificações! Margulis estabeleceu que as mutações genéticas não são a única fonte de novas características e que a competição não é a única estratégia que os seres vivos podem usar para ganhar vantagem no jogo evolutivo. Através da endossimbiose, organismos distantemente relacionados podem cooperar para formar uma entidade mais apta do que as espécies individuais envolvidas e, ao longo do tempo, essa relação de cooperação pode tornar-se tão íntima que o que antes eram duas ou três espécies diferentes se torna numa só. Hoje, os biólogos aceitam a ideia de que esta forma de endossimbiose é comum.

a endossimbiose e a teoria da evolução estabelecida

No fim, evidências fortes validaram a hipótese de Margulis, mas parte da batalha foi ganha com persistência e tempo. A evidência é sempre o fator mais importante na aceitação das ideias científicas, mas a ciência não acontece no vazio, e muitos outros fatores podem afetar a evolução do seu progresso. Novas ideias, ou ideias que se parecem afastar de teorias aceites, encaram obstáculos maiores até à sua aceitação do que as ideias mais familiares. Isto pode atrasar as mudanças no conhecimento científico — o que não é necessariamente mau. Este tipo de ceticismo garante que as novas hipóteses são testadas rigorosamente, com múltiplas linhas de evidência independentes, antes de receberem o apoio da comunidade científica. No entanto, é importante notar que todas as ideias em ciência têm de ser testadas para que a evidência a respeito da sua validade possa ser recolhida — mesmo que este processo demore décadas.

Lynn Margulis em 2009

Lynn Margulis num simpósio comemorativo de Darwin em 2009.
 
A história da descoberta de Lynn Margulis mostra-nos como as ideias científicas se alteram ao longo do tempo. O que começou por ser uma hipótese vanguardista que não podia ser testada com as ferramentas disponíveis no século XIX, foi reavivada e expandida por Margulis quando a tecnologia apropriada começou a ser desenvolvida. Assim, Margulis convenceu a comunidade científica que a evidência era suficientemente forte para que esta ideia estranha sobre endossimbiose fosse levada a sério. Graças aos esforços de muitos cientistas pertencentes a uma vasta gama de áreas, a ideia foi estudada até que mesmo os críticos mais acérrimos tiveram que concordar que, pelo menos no que respeita às mitocôndrias e plastídeos, a ideia era correta.

O trabalho persistente de Margulis nesta hipótese alterou a forma como os cientistas compreendem a evolução e inspirou um novo mundo de questões: terão outras estruturas celulares, para além das mitocôndrias e plastídeos, evoluído via endossimbiose? Como é que o ADN dos endossimbiontes foi parar ao núcleo da célula hospedeira? Com que frequência ocorre esta transferência de ADN? O ADN transferido é benéfico, prejudicial ou neutro? Como é que este processo afetou a evolução do genoma? À medida que cientistas de muitas áreas diferentes procuram as respostas para estas questões, é criada uma melhor compreensão sobre os principais papéis que a endossimbiose e a cooperação desempenharam na evolução da vida na Terra.


Quer saber mais? Consulte estas referências (em inglês):

Nota histórica e popular:

Hagen, J. 1996. Lynn Margulis & the question of how cells evolved. Doing Biology. Glenview, IL: Harper Collins.


Alguns artigos científicos:

  • Gray, M. W., and Doolittle, W. F. 1982. Has the endosymbiont hypothesis been proven? Microbiological Reviews. 46: 1-42.
  • Gray, M. W. 1983. The bacterial ancestry of plastids and mitochondria. BioScience. 33: 693-699.
  • Margulis, L. 1970. Origin of Eukaryotic Cells. New Haven, CT:Yale University Press.
  • Sagan, L. 1967. On the origin of mitosing cells. Journal of Theoretical biology. 14: 225-274.

 



Fotografia de Margulis pertencente a SINC (Serviço de Informação e Notícias Científicas), Espanha, usada ao abrigo desta licença Creative Commons

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