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  Prevendo o passado
Os argumentos científicos funcionam sempre da mesma forma — quer estejamos interessados num processo em curso (por exemplo, a gravidade) ou em ocorrências passadas (por exemplo, a origem da vida). À primeira vista pode parecer estranho que se gerem expetativas sobre algo que teve lugar há muito tempo mas, de facto, tal não é diferente de gerar expetativas baseadas em qualquer outra hipótese ou teoria. A chave é lembrarmo-nos que estamos a tentar determinar o que esperaríamos observar hoje se um determinado acontecimento tivesse ocorrido no passado.

Os seguintes exemplos ilustram como ideias científicas acerca de acontecimentos passados podem gerar expetativas testáveis:

  • origem da Lua
    Ideia: A Lua é um naco do nosso velho mundo — ou seja, a Lua formou-se a partir dos detritos arremessados pela jovem Terra quando esta foi atingida por um objeto de grandes dimensões. A ocorrência proposta teria tido lugar há cerca de 4,5 mil milhões de anos. Contudo, um pouco de reflexão e algum conhecimento científico prévio, facilmente nos permitem gerar expetativas para testar esta ideia. Por exemplo, se a teoria do "naco do velho mundo" estivesse correta, a Lua deveria ter uma composição semelhante à da crosta terrestre há 4,5 mil milhões de anos. Conhecimentos adquiridos nos campos da geologia e da astronomia planetária sugerem que, por essa altura, o ferro e os elementos pesados da crosta terrestre já teriam sido empurrados para o interior da Terra. Por conseguinte, nós esperaríamos que o ferro escasseasse na Lua tal como sucede na crosta terrestre. E, de facto, estas expetativas foram recentemente confirmadas durante as missões espaciais associadas ao Projeto Apollo. As rochas da Lua têm baixo teor de ferro, o que dá suporte à teoria do "naco do velho mundo".

  • O mundo do ARN
    Ideia: O ARN dominava a Terra — ou seja, há vários milhares de milhões de anos, o ARN foi a primeira molécula auto-replicante a aparecer, formando a base da hereditariedade e do metabolismo no antecessor de toda a vida na Terra. Que expetativas podemos gerar acerca de reações químicas que tiveram lugar há tanto tempo? Bem, se esta ideia estiver correta, então deveríamos conseguir recriar algumas das principais reações químicas que levaram à formação de ARN auto-replicante. Com efeito, se uma determinada reação química tivesse efetivamente ocorrido na jovem Terra, deveríamos conseguir produzir uma reação semelhante num ambiente controlado de laboratório que simule as condições na Terra durante o seu período primordial. Foi esta expetativa confirmada, oferecendo suporte à teoria? De certo modo, mas a ciência é uma obra em permanente construção. Foram até agora descobertas muitas das prováveis reações químicas desta sequência. Contudo, há ainda lacunas que estão a ser investigadas pelos cientistas químicos que se debruçam sobre este problema bicudo.

  • supercontinente
    Ideia: Tempos houve em que não havia fronteiras — ou seja, há cerca de 250 milhões de anos, todos os continentes que conhecemos hoje estavam unidos entre si como num puzzle. Como podemos saber onde é que os continentes costumavam estar? Bem, a partir dos indícios que eles nos deixaram, é claro. Se os continentes tivessem estado ligados, então os animais dessa época deviam ter habitado os territórios que hoje correspondem às linhas costeiras dos continentes. Por conseguinte, se uma fossilização tivesse ocorrido, nós esperaríamos encontrar o mesmo tipo de fósseis em zonas costeiras de continentes hoje muito afastados entre si. E, de facto, é isso mesmo que observamos. Por exemplo, fósseis com cerca de 240 milhões de anos de uma espécie de réptil agora extinta, Cynognathus, foram encontrados na África do Sul e também na América do Sul, dando suporte à ideia do "mundo sem fronteiras".

Aqui examinámos apenas uma expetativa (e uma linha de evidência) gerada por cada uma de três ideias cientificas, mas, é claro, na realidade cada uma destas ideias gera múltiplas expetativas…

resumo
Podemos testar hipóteses acerca de acontecimentos passados, determinando o que deveríamos observar hoje se as nossas hipóteses estivessem corretas.

equívocos
Equívoco: Fazer experiências é uma parte necessária do processo científico. Sem experiências, um estudo não é rigoroso nem científico.

Retificação: Testar cientificamente envolve outros aspetos para além das experiências. Há muitas formas válidas de testar ideias científicas e o método apropriado para o fazer depende de muitos fatores. Leia mais sobre este assunto.

ciência em ação
Para mais exemplos sobre como testar ideias acerca de acontecimentos históricos, veja também:





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