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Fusão fria
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  Análise criteriosa
Além de tentar replicar a experiência de Pons e Fleischmann — tentativas que haviam sido frustradas por falta de informação — os cientistas também tentaram verificar o trabalho de outras formas, examinando o artigo da fusão a frio para tentar identificar potenciais fontes de erros. Muitos dos problemas que encontraram provavelmente teriam sido detetados numa revisão por pares completa, e alguns erros eram surpreendentemente simples. Por exemplo, os cientistas observaram que Pons e Fleischmann não tinham agitado a água pesada dentro das suas células de fusão. Assim como não mexer uma panela de sopa no fogão provavelmente leva a ter algumas partes frias e outras quentes, não agitar a água numa célula de fusão leva a distribuição de calor desigual e medições de temperatura imprecisas.

Outros continuaram a tentar replicar os resultados experimentando várias combinações experimentais diferentes, na esperança de acertar na usada por Pons e Fleischmann. Os resultados iniciais foram inconclusivos. Enquanto a maioria dos grupos de investigação relataram não ter visto evidência de fusão, alguns grupos reivindicaram ter observado o excesso de calor e/ou neutrões provenientes das suas células de fusão. No entanto, estes grupos estavam em conflito uns com os outros sobre as condições necessárias para a fusão. Por exemplo, alguns descobriram que foram necessários meses para as reações nucleares começarem, outros notaram resultados ao fim de algumas horas. E, muitas vezes, esses grupos não conseguiam replicar os seus próprios resultados.

Uma equipa de cientistas na tentativa de replicar os resultados de Pons e Fleischmann

Uma equipa de cientistas da Yale University, Brookhaven National Laboratory e da Brigham Young University foi um dos grupos que tentou replicar os resultados de Pons e Fleischmann. Aqui, membros da equipa ajustam os componentes eletrónicos da sua configuração experimental.

Como foi possível obter resultados tão variados em experiências tão semelhantes? Alguns dos resultados foram simplesmente erros. Várias das confirmações dos resultados de Pons e Fleischmann tiveram que ser retratadas devido a erros — por exemplo, quando alguém se esqueceu de conectar uma ligação fundamental na montagem experimental. Outras discrepâncias foram devidas a diferenças na análise de dados. Os cientistas recolhem dados "brutos" — que devem ser analisados e interpretados antes que possam dizer algo significativo sobre o teste. Por exemplo, muitos dos cientistas de fusão a frio, incluindo Pons e Fleischmann, tentaram avaliar se a fusão estava a acontecer através da medição do calor produzido pela célula. Isto parece ser simples — bastaria medir a temperatura da célula — mas, na verdade, não é. A célula dissipa o calor no meio envolvente, e um pouco desse calor é levado por gases que se escapam. O impacto destes fatores tem de ser cuidadosamente estimado e tido em conta na análise de dados. Se dois grupos lidarem com estes ajustes de forma diferente nas suas análises, eles podem chegar a conclusões diferentes sobre os resultados experimentais.

Para realmente saber quanto calor está sendo produzido pela célula de fusão, é necessário estimar a quantidade de calor que está escapando dela.
Para realmente saber quanto calor está a ser produzido pela célula de fusão, é necessário estimar a quantidade de calor que escapa dela.

Os cientistas também podem fazer interpretações diferentes dos mesmos dados analisados. Um grupo foi capaz de mostrar que Pons e Fleischmann tinham interpretado mal os dados da sua pesquisa de neutrões. À primeira vista, os dados parecem mostrar evidência clara de neutrões — mas se os neutrões realmente estivessem lá, levariam a uma série de reações com a água ao redor da célula — e nos dados de Pons e Fleischmann não havia qualquer evidência do último elo nessa cadeia de reações. Investigações posteriores revelaram problemas com o equipamento utilizado para recolher os dados de neutrões. Assim, parece que os dados de Pons e Fleischmann teriam sido mais razoavelmente interpretados como evidência de erros do equipamento, e não como evidência em favor da hipótese da fusão a frio.
veja também
Para saber mais sobre análise e interpretação de dados, visite Analisando dados.



Imagem da equipa de Yale-BNL-BYU cedida por Moshe Gai

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