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Durante a avaliação de uma ideia científica, a evidência é que decide. Porém, por vezes a evidência disponível dá suporte em igual medida a hipóteses ou teorias diferentes. Neste tipo de situações, a ciência emprega frequentemente outros critérios na avaliação de potenciais explicações. Apesar de serem apenas regras gerais (e não padrões bem estabelecidos), os cientistas tendem normalmente a confiar mais em ideias que:
- geram expetativas mais específicas (ou seja, são mais testáveis). Por exemplo, uma hipótese sobre a formação de furacões que gere expetativas específicas sobre as condições que levam a uma maior propensão para o eclodir deste fenómeno, poderá ser preferível a uma hipótese que apenas sugere a época do ano em que os furacões deverão ser mais frequentes.
- podem ser utilizadas num maior número de situações. Por exemplo, uma teoria sobre a natureza da força que tenha aplicação quer ao nível das interações macroscópicas (por exemplo, a força gravitacional que a Terra exerce sobre uma maçã), quer ao nível das interações subatómicas (por exemplo, entre protões e eletrões), poderá ser preferível a uma teoria cujo uso se restringe às interações entre objetos de grande dimensão.
- são mais parcimoniosas. Por exemplo, uma hipótese sobre a relação evolucionária entre espécies de colibris que requeira apenas 70 passos evolucionários, poderá ser preferível a uma que postule 200 passos.
- são mais consistentes com teorias bem estabelecidas em campos vizinhos. Por exemplo, uma das principais objeções levantadas contra a teoria da evolução, quando esta foi inicialmente proposta por Darwin, consistia no facto de a teoria não se encaixar com o que então se sabia sobre a idade do nosso planeta. Os físicos tinham estimado que a Terra teria apenas 100 milhões de anos, um período de tempo considerado insuficiente para explicar a diversidade da vida no nosso planeta se esta se devesse apenas a um processo evolutivo. Porém, à medida que o nosso conhecimento de geologia e física foi progredindo, a idade da Terra foi estimada com maior rigor como sendo na ordem de vários milhares de milhões de anos — uma perspetiva que se enquadra perfeitamente com a ideia de que toda a vida na Terra de desenvolveu a partir de um antepassado comum.
- geram um maior número de novas ideias. Por exemplo, a biologia evolutiva não só ajuda a compreender a historia da vida na Terra, mas gera também ideias úteis que podem ser aplicadas em outros campos — especialmente nas áreas da medicina, agricultura e conservação. A capacidade que a ideia da evolução tem para gerar ideias poderosas em muitos outros campos reforça o seu valor como teoria.
Tudo isto pode parecer complexo, mas o importante é ter em mente alguns conceitos básicos. Estes critérios são apenas guias de orientação que nos permitem identificar ideias que funcionam — ideias que estão de acordo com a evidência, geram novas expetativas, inspiram novas pesquisas, e parecem dar uma explicação precisa de como o mundo funciona! |
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