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pela equipa Understanding Science
Sabia que há mais bactérias a viver nos nossos intestinos do que células no nosso corpo? Este pode ser um pensamento perturbador, mas sem a flora intestinal teríamos dificuldade na digestão de muitos alimentos, teríamos mais alergias e um sistema imunitário mais fraco, já para não falar das infeções por bactérias prejudiciais que poderíamos contrair se os nossos intestinos não estivessem ocupados por espécies benéficas.
De acordo com os biólogos, temos uma relação ainda mais próxima e mais antiga com as bactérias do que era inicialmente pensado. Para além de as bactérias viverem em nós, também temos os descendentes de bactérias mais antigas a viver dentro das nossas células. Não só somos o habitat das bactérias como, num sentido bastante real, nós somos bactérias.
Como é que os cientistas passaram a aceitar esta ideia surpreendente? Nos anos 1960, uma jovem microbióloga, chamada Lynn Margulis, recuperou uma hipótese antiga. Baseada numa nova análise de evidências vindas dos campos da biologia celular, bioquímica e paleontologia, defendeu que várias transições fundamentais da evolução ocorreram não através de competição e especiação, mas através de cooperação, quando linhagens celulares distintas se uniram e se tornaram num único organismo. Para os colegas de Margulis, esta ideia parecia estranha era como sugerir que as pirâmides tinham sido construídas por seres extraterrestres mas Margulis defendeu o seu trabalho apesar desta resistência inicial. Ela inspirou cientistas de campos distantes da biologia a testar a sua hipótese no laboratório. À medida que a evidência se acumulou nas décadas seguintes à publicação do seu primeiro artigo, mesmo alguns dos críticos mais convictos tiverem de admitir que ela tinha razão.
Algumas das ideias de Margulis surgem atualmente como "factos" nos livros de biologia, o que faz com que não se tenha a ideia de quão controversas as propostas foram inicialmente. Vamos conhecer melhor esta história de uma hipótese extraordinária e da evidência extraordinária que a suporta.
Este caso de estudo evidencia os seguintes aspetos sobre a natureza da ciência:
- A ciência pode testar hipóteses sobre eventos que ocorreram há muito tempo.
- As ideias científicas são testadas com várias linhas de evidência.
- A ciência é um empreendimento comunitário, que beneficia de um conjunto alargado e diverso de perspetivas, práticas e tecnologias.
- As ideias científicas evoluem com nova evidência. No entanto ideias científicas bem estabelecidas são sólidas.
- Através de um sistema de certificação, o processo da ciência pode ultrapassar opiniões e preconceitos individuais.
- A evidência é o factor mais importante na decisão sobre que ideias científicas são aceites.
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