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Há muitas maneiras diferentes de se entrar na ciência. A comunidade científica tem um lugar para todos, inclusive principiantes. Se está interessado em ciência, a melhor maneira de começar é aprender o máximo que puder. Além de aulas e livros, há revistas que explicam descobertas científicas recentes para um público popular (como as americanas Discover, New Scientist, e Natural History) ou, se se sentir à altura, você pode até tentar ler revistas científicas (as americanas Science and Nature são duas opções muito respeitadas). Mas a ciência não é só aprender em livros, e você pode envolver-se em atividades de ciência de muitas maneiras:
- torne-se voluntário num centro de natureza ou ciência
- trabalhe com uma organização sem fins lucrativos que promova a ciência
- vá a conferências informais onde cientistas falam sobre o seu trabalho
- frequente um programa de ocupação científica no verão
- peça para seguir um cientista em ação
- explore o mundo natural por sua conta afinal, a ciência está em todo o lado
Jovens cientistas procuram microfósseis num dia de portas abertas do Museu da Paleontologia da UC Berkeley. |
Se o seu interesse em ciência é mais profundo, pode querer seguir uma carreira científica. Estudantes podem conversar com os seus orientadores sobre como se preparar para essa carreira. Com o ensino secundário ou com um grau universitário, você pode trabalhar para uma agência do governo, numa universidade, ou na indústria. A realizar experiências de laboratório, analisando dados num computador, ou a ajudar em trabalho de campo, você vai estar a contribuir para a expansão do conhecimento científico. No entanto, se você quiser mais controlo sobre o que estuda, pode precisar de mais treino. Geralmente (mas não sempre!), os cientistas que querem fazer a sua própria investigação continuam os seus estudos para completar um mestrado, um doutoramento (geralmente chamado Ph.D.) e, frequentemente um pós-doutoramento (geralmente chamado postdoc), que fornece a doutorados recentes formação avançada, sob a direção de um mentor.
Tradicionalmente, estudantes de licenciatura e de mestrado concentram-se em aprender os conhecimentos "básicos" necessários para a investigação, enquanto estudantes de doutoramento e pós-doutoramento se concentram em aprender a realizar investigação científica. Fazer ciência é bastante diferente da maioria das experiências em sala de aula de ciências: pode ser difícil descobrir quais perguntas fazer e o que fazer para as estudar. Um Ph.D. ou postdoc permitem que aprenda a fazer ciência sob a supervisão de um cientista que pode guiá-lo através de todo o processo, fazendo com que todas as curvas, contracurvas e becos sem saída da ciência sejam mais fáceis de navegar até você o conseguir fazer de forma independente. Muitos cientistas veem um Ph.D. como uma credencial que atesta a capacidade do seu titular de realizar investigação científica. O processo de obter o doutoramento pode ser extenuante, mas pode valer a pena para obter as recompensas da investigação científica!
Laboratório da antropóloga Connie Mulligan, Universidade da Flórida, em setembro de 2007, incluindo (a partir da esquerda), Luisa Sanchez, Amy An, Drew Kitchen, Cory Blommel, Amy Non, Connie, Birgitta Kimura, Aida Miro, Rebecca Gray, Ryan Raaum, Alex Wang, e Dawit Okubatsion Woldu. Os estudantes de licenciatura são Luisa, Amy An, Cory e Alex. Drew, Amy Non, Aida, Rebecca, e Dawit são estudantes pós-graduados e Birgitta e Ryan são postdocs. |
Embora a maioria dos cientistas hoje em dia tenha formação avançada, é possível chegar a uma posição focada em investigação mesmo sem um doutoramento. Por exemplo, o físico e químico Michael Faraday tinha muito pouca escolaridade formal. Ele foi aprendiz de encadernador aos catorze anos e aprendeu ciência lendo livros que ele mesmo encadernou. Fascinado por um artigo que leu sobre a eletricidade, começou a fazer experiências com um gerador eletrostático e uma bateria fraca que ele próprio construiu. Começou a frequentar palestras sobre física e química, e ficou particularmente interessado por uma série de palestras ministradas pelo químico Sir Humphry Davy, muito respeitado na altura. Faraday tomou notas nessas palestras, e depois de a série terminar enviou uma cópia para Davy, juntamente com uma carta pedindo um emprego no seu laboratório. Davy ficou impressionado com Faraday e mal teve um lugar disponível, contratou Faraday. Faraday tornou-se um dos cientistas mais influentes do século XIX, lançando as bases para a teoria da radiação eletromagnética de James Clerk Maxwell e tudo sem ter um diploma universitário.
Um exemplo mais moderno de um caminho incomum na ciência é o da bióloga aquática Alexandra Morton. Seguindo um sonho de infância de estudar os animais, ela acabou a licenciatura e foi imediatamente estudar a produção de som e comunicação em golfinhos e orcas. Em 1981, ela cofundou uma organização sem fins lucrativos para apoiar a sua investigação sobre orcas na costa da British Columbia. Após a introdução de aquacultura de salmão na área em 1987, apareceram sinais de sofrimento ecológico e a orca desapareceu. Morton tentou em vão que o governo se envolvesse, e então acrescentou o estudo dos efeitos da criação de salmão nas suas atividades de investigação. A sua pesquisa revelou diferenças nutricionais entre as populações de orcas migratórias e residentes, e documentou um aumento de piolhos do mar associados à criação de salmão. A pós-graduação não é um requisito para a realização de investigação científica importante!
Alexandra Morton captura salmão bebé para verificar a presença de piolhos do mar. |
Embora alguns cientistas entrem na ciência de maneiras inesperadas, a maioria segue a rota tradicional. Mesmo Jane Goodall, que começou a estudar os chimpanzés na natureza sem ter um doutoramento, decidiu que o grau a iria ajudar a continuar os seus estudos de chimpanzés e a ser levada mais a sério pela comunidade científica. A maioria dos cientistas, tal como Goodall, vê os benefícios de uma educação formal. Ainda assim, esta não é a única maneira de se tornar cientista. A educação e o treino formal são importantes, mas não absolutamente essenciais. Faraday e Morton forjaram ambos os seus próprios caminhos na ciência com base nos seus conhecimentos e capacidades. Em última análise, embora possa levar tempo, a ciência avalia os seus atores pela qualidade de suas ideias e pesquisas, e não pelas suas credenciais.
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