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Endossimbiose
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  Como muitos se tornaram num só
A história que Margulis contou começa com o aparecimento da vida na Terra. Há 3,5 mil milhões de anos, apenas as bactérias habitavam o nosso planeta, quente e árido, e não havia oxigénio na atmosfera. Há aproximadamente 3 mil milhões de anos, algumas destas bactérias desenvolveram a capacidade de usar a energia proveniente do sol para criar alimento, através da fotossíntese. O produto final deste processo é o oxigénio, e estas bactérias produziam-no em tanta quantidade que a atmosfera se alterou drasticamente.

OXIGÉNIO: UMA FACA DE DOIS GUMES

Normalmente, pensamos no oxigénio como elemento essencial à vida e, para os seres que evoluíram para o utilizar, é. Mas, parte do que torna o oxigénio tão crítico à vida também o torna perigoso. O oxigénio pode gerar radicais livres — átomos e moléculas com um eletrão extra, que os torna extremamente reativos. Muitas destas reações são prejudiciais, causando mutações e outras formas de lesão nas células. Para os organismos que não desenvolveram a capacidade de prevenir e reparar estes danos, o oxigénio pode ser tóxico.

O oxigénio envenenou muitas bactérias, mas outras desenvolveram a capacidade de o utilizar. Ao longo de muitas gerações, algumas destas bactérias tornaram-se dependentes do oxigénio para degradar os alimentos. Margulis propôs que estas bactérias passaram por vários episódios de endossimbiose:

ingestão de bactérias

  • Primeiro, algumas bactérias ameboides ingeriram algumas das bactérias que conseguiam utilizar o oxigénio para degradar os alimentos (aeróbias). Eventualmente, evoluíram para viverem em conjunto, com as bactérias aeróbias instaladas permanentemente dentro das bactérias ameboides. Com os seus residentes aeróbios, as bactérias ameboides prosperaram no ambiente cheio de oxigénio. Estes organismos foram os antepassados de todos os eucariotas, e as bactérias que ingeriram tornaram-se nas mitocôndrias.

  • Depois, estes primeiros eucariotas ingeriram um outro tipo de bactérias — longas e em forma de espiral. Eventualmente, também estas evoluíram de modo a viverem em conjunto, permanentemente, com a bactéria em forma de espiral a viver junto às mitocôndrias da célula hospedeira. Estes micro-organismos foram os antepassados de todas as células animais e as bactérias espiraladas originaram várias estruturas importantes, como cílios e flagelos, que permitem a locomoção das células animais.

  • Finalmente, algumas destas células animais ingeriram outras bactérias — as que já tinham adquirido a capacidade de fazer fotossíntese — e também estes evoluíram para viver em conjunto. Estas células foram os antepassados das plantas e as bactérias fototróficas tornaram-se nas estruturas chamadas de plastídeos — por exemplo, o cloroplasto — que permitem que as plantas realizem fotossíntese.

hipótese endossimbiótica

Se Margulis estivesse correta, a endossimbiose teria acontecido várias vezes e teria desempenhado um papel muito importante na evolução da vida na Terra!

 




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