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Destruição do ozono
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  Uma pedra na engrenagem
As coisas estavam boas para a hipótese de Molina e Rowland — mas más para a camada de ozono. As ideias deles tinham apoio de evidência atmosférica e estavam a ganhar aceitação na comunidade científica. No entanto, uma característica marcante do pensamento científico é o ceticismo — mesmo relativamente às suas próprias hipóteses. Apesar de a sua hipótese ter sido apoiada por muitas linhas de evidência, Molina e Rowland não assumiram que estava correta, mas continuaram a olhar para os processos na atmosfera que podem compensar os efeitos dos CFCs.

Uma possibilidade foi o dióxido de azoto. Os cientistas sabiam que o dióxido de azoto pode reagir com o cloro — o átomo dos CFCs que realmente destrói o ozono — e poderia potencialmente reagir com a molécula destrutiva de uma forma inofensiva, formando nitrato de cloro. No entanto, Molina e Rowland não tinham tido essa reação em conta porque na década de 1950 as medições indicavam que o nitrato de cloro é de curta duração — isto é, um pouco depois de ser formado, ele seria desagregado pela luz solar, libertando o cloro nocivo na atmosfera. Agora, Molina e Rowland decidiram verificar essas medidas antigas, com mais experiências de laboratório. Eles descobriram que o nitrato de cloro resistia por muito mais tempo do que se pensava anteriormente e poderia ser capaz de colocar as moléculas de cloro fora de combate. Esta reação devia ser considerada nos modelos atmosféricos. Apesar de estes resultados lançarem dúvidas sobre a sua hipótese, Molina e Rowland rapidamente puseram essa informação ao dispor da comunidade científica, com a elaboração de relatórios e publicação dos seus resultados.

A formação de nitrato de cloro.

Na presença de uma outra molécula para servir como um catalisador (não representado), o dióxido de azoto (NO2) e o monóxido de cloro (ClO), um subproduto da separação de moléculas de ozono por CFCs, reagem para formar nitrato de cloro (ClONO2). Sherwood e Molina descobriram que o nitrato de cloro não se divide na atmosfera tão rapidamente como tinham pensado — poderia a formação desta molécula efetivamente desactivar os átomos prejudiciais de cloro-ozono?

A hipótese de Molina e Rowland sobre os CFCs, e as suas muitas sub-hipóteses.
Os pesquisadores precisavam de incorporar o dióxido de azoto na hipótese — mas não tinham certeza de como isso afetaria as expetativas geradas pela hipótese. Será que ainda esperaríamos ver destruição do ozono significativa?

Quando incorporaram o nitrato de cloro nos seus modelos, os investigadores encontraram algumas surpresas. Vários grupos estavam envolvidos em testar a hipótese de Molina-Rowland, e até este ponto, todos concordaram sobre o que deveria ser observado na atmosfera se Molina e Rowland estivessem certos. Mas assim que os modeladores acrescentaram as reações de nitrato de cloro aos seus modelos, diferentes grupos obtiveram resultados contraditórios. Alguns modelos até previam um acréscimo no ozono!

O que poderia estar a acontecer? O problema foi devido a uma aproximação usada como um meio de simplificação de alguns modelos. Os cientistas tentam limitar os fatores representados em modelos aos que são essenciais para as suas finalidades. Muitas vezes, isso acontece porque os modelos excessivamente complexos podem exigir cálculos que levariam anos para serem concluídos num computador, até mesmo num supercomputador. Os cientistas usam o seu conhecimento do problema para tentar descobrir que simplificações podem ser apropriadas para um determinado modelo e, em seguida, tentam verificar a sua validade. Estas simplificações formam um outro conjunto de sub-hipóteses. Se um modelo é impreciso, talvez seja porque uma das ideias centrais do modelo está errada, ou talvez seja porque uma das suas aproximações dá um resultado simplificado de mais.

No caso dos modelos atmosféricos, os cientistas descobriram que os modelos que preveem um aumento do ozono total tinham uma coisa em comum: todos eles usaram a aproximação que o sol brilha com a sua intensidade média o dia inteiro, em vez de variar ao longo do dia. Esta simplificação revelou-se excessiva — uma sub-hipótese incorreta. A remoção desta aproximação pôs esses modelos de acordo com os outros modelos e com as medições atmosféricas reais de nitrato de cloro. Mesmo com as reações de nitrato de cloro incorporadas nos modelos, a hipótese de Molina-Rowland previu níveis de destruição do ozono significativos (apesar de mais baixos).


 




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