Explore uma representação interativa de como a ciência se processa. Página original em inglês Home Glossário pesquisa home Compreender a Ciência Para professores Biblioteca de recursos
Destruição do ozono
página 9 de 13
anterioranterior | seguinteseguinte
  Um problema inegável na Antártica
O investigador Joseph Farman tinha vindo a recolher dados atmosféricos em Halley Bay, Antarctica desde 1957. Todos os anos ele enviava uma equipa de assistentes de investigação para medir os níveis de ozono e as concentrações de gases como os CFCs. Em 1982, as suas leituras do ozono, apresentaram uma queda dramática — cerca de 40%. Em vez de ficar alarmado, ele ficou cético quanto aos dados e pensou que deveria ser devido a um mau funcionamento dos instrumentos. A máquina era notoriamente difícil de manter a trabalhar no frio antártico, e este instrumento em particular era velho. Além disso, pensou, os cientistas da NASA tinham satélites a recolher dados atmosféricos em todo o mundo, e eles não tinham relatado quaisquer anomalias. O instrumento de Farman estava em terra e só recolhia um único dado — correspondendo à parte da atmosfera diretamente acima dele. Certamente que milhares de pontos de dados da NASA teriam revelado um decréscimo no ozono se tivesse havido uma descida. Farman encomendou um novo instrumento para a medição do ano seguinte.

Joe Farman, Brian Gardiner, e Jon Shanklin

Joseph Farman (à esquerda) com os seus co-autores de 1985, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin, e um espetrofotómetro utilizado para medir as concentrações de ozono estratosférico .

Mas no ano seguinte, Farman ainda encontrou um declínio drástico. Ele foi rever os seus dados antigos e descobriu que o declínio tinha começado em 1977. Agora Farman suspeitava de que algo estranho estava a acontecer estritamente sobre Halley Bay, que não afetaria outras áreas. Então, no ano seguinte, a sua equipa tomou medidas de um local a 1.000 milhas a noroeste de Halley Bay. E também aí ocorreu uma grande diminuição do ozono. A evidência crescente era inegável. Farman decidiu que era altura de publicar os seus dados.

Níveis médios de outubro de ozono registados pelo grupo de Farman em Halley Bay, Antarctica, de 1957 a 1984

Níveis médios de outubro de ozono registados pelo grupo de Farman em Halley Bay, Antarctica, de 1957 a 1984.
 

Por que não tinha o satélite da NASA capturado esta diminuição nos níveis de ozono? Para seu desgosto, os cientistas da NASA perceberam que tinham dados indicando a perda de ozono, mas que tinham passado despercebidos. Uma vez que o seu satélite produzia dados 24 horas por dia, fornecia aos cientistas informações muito mais rapidamente do que eles os conseguiam analisar. Para lidar com esse excesso, um programa de processamento de dados tinha sido criado para filtrar todas as medidas abaixo ou acima dos valores que foram considerados medidas efetivas de ozono impossíveis. Este programa foi baseado na suposição que estas medidas "impossíveis" eram devidas a avarias dos instrumentos. Os dois grupos de cientistas (o grupo de Farman e o grupo da NASA) olharam para os mesmos dados, mas interpretaram-nos de forma diferente por causa das suas técnicas de análise de dados. O grupo de Farman concluiu que os dados refletiam mudanças reais no ozono, enquanto que o grupo da NASA concluiu que os dados refletiam um problema dos instrumentos.

A evidência de Farman mostrou ao grupo da NASA o problema com o seu processo de análise de dados. Quando os cientistas da NASA reanalisaram as suas medições da Antártica, descobriram um buraco gigantesco na camada de ozono — uma região de ozono destruído do tamanho dos Estados Unidos! O nosso escudo protetor da radiação solar já tinha sido danificado ainda mais do que os cientistas acreditavam ser possível. A destruição do ozono na Antártica era real, mas porque é que era muito maior do que qualquer um dos modelos tinha previsto?

Mapas da NASA do buraco na camada do ozono sobre a Antártica, de 1979 a 1984, recolhidos em Outubro

Estes mapas, gerados a partir de dados de satélite da NASA, mostram o buraco crescente na camada de ozono sobre a Antártica a cada mês de outubro de 1979 a 1984. Estes correspondem bem com as medições de Farman que mostram um declínio significativo no ozono para este período.

veja também
Os primeiros resultados sobre os níveis de ozono sobre a Antártica destacam o facto de que os dados brutos devem ser analisados e interpretados antes de as suas implicações poderem ser compreendidas. Para saber mais sobre este processo, veja Analisando dados.



Foto de Farman, Gardiner, e Shanklin © British Antarctic Survey, usada com permissão; gráfico adaptado a partir da Figura 2a, em Farman, J.C., B.G. Gardiner, a J.D. Shanklin. 1985. Large losses of total ozone in Antarctica reveal seasonal ClOx/NOx interaction. Nature 315:207-210; Imagens do buraco de ozono da Antártica cortesia da NASA

Home | Acerca | Copyright | Créditos e Colaboradores | Contactos