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Endossimbiose
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  A evidência conclusiva: O apoio de uma nova tecnologia
A controvérsia durou aproximadamente 10 anos. Enquanto novos dados e novos argumentos eram trazidos à discussão por ambos os lados, nenhuma nova investigação resolveu a questão de modo a agradar a todos. Embora, normalmente, pensemos nos cientistas como pessoas neutras e lógicas, havia muito entusiasmo em ambos os lados. Margulis continuou a defender a sua hipótese e os seus apoiantes consideravam-na persistente e audaz. Os seus detratores achavam o mesmo, mas alguns diziam-no com muito menos admiração!

Durante os anos 1970, enquanto alguns cientistas debatiam a hipótese de Margulis, outros trabalhavam numa nova tecnologia que poderia eventualmente resolver a questão: sequenciação de ADN — técnicas que permitiriam a leitura do código químico que compõe os nossos genes. A sequenciação do ADN é uma das ferramentas mais poderosas na biologia. Como espécies proximamente relacionadas têm genes parecidos, a sequenciação do ADN pode ajudar a perceber como as espécies estão relacionadas umas com as outras — e isto era mesmo o que os cientistas precisavam de saber para avaliar uma linha de evidência importante na lista de Margulis: se as mitocôndrias, os plastídeos e as estruturas tubulares tinham parentes bacterianos próximos.

comparação de hipóteses

Michael Gray e W. Ford Doolittle estavam interessados em aplicar as novas tecnologias de sequenciação ao debate acerca da endossimbiose. Eles queriam saber se o ADN dos plastídeos estava mais relacionado com o ADN bacteriano ou com o ADN nuclear da célula. Se os plastídeos evoluíram por endossimbiose, seria de esperar que o seu ADN tivesse sequências parecidas com as do ADN das bactérias. Por outro lado, se os plastídeos evoluíram passo-a-passo dentro da célula eucariótica, seria de esperar que o seu ADN fosse mais parecido com o ADN do núcleo.

Michael Gray W. Ford Doolittle

Michael Gray (à esquerda) e W. Ford Doolittle (à direita), ambos da Universidade de Dalhousie, Halifax, Nova Escócia, Canadá.

Em 1982, obtiveram-se os resultados. Num artigo publicado nesse ano, Doolittle e Gray resumiram os seus resultados, assim como os de outros: o ADN dos plastídeos era muito mais parecido com o ADN das bactérias fotossintéticas que vivem no estado livre, do que com o ADN da célula hospedeira. Restavam poucas dúvidas: estes organelos tinham evoluído, quase de certeza, a partir de endossimbiontes.

Os cientistas ainda não tinham a certeza a respeito das mitocôndrias, mas apenas um ano mais tarde, a sequenciação genética das mitocôndrias foi conseguida — e esse ADN era, afinal, extraordinariamente parecido com o das bactérias aeróbias. Este resultado convenceu os cientistas de que também as mitocôndrias tinham evoluído endossimbioticamente a partir de bactérias. 16 longos anos após Margulis ter publicado pela primeira vez acerca das suas ideias, a evidência era forte demais para ser ignorada. A maioria dos cientistas aceitou as ideias de Margulis acerca da importância da endossimbiose. A teoria da evolução teria de contemplar um novo mecanismo: as linhagens não se dividem apenas por especiação; podem também fundir-se por endossimbiose e originar uma nova linhagem.

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Fotografia de Gray cortesia de Michael Gray; Fotografia de Doolittle cortesia de W. Ford Doolittle

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