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  Observação para além dos nossos sentidos
Frequentemente, quando ouvimos falar de observações, imaginamos que estas tenham sido feitas "com os nossos próprios olhos". No mundo da ciência, porém, as observações podem ser feitas de muitas formas diferentes. Obviamente, nós podemos fazer observações através dos nossos sentidos — vendo, sentindo, ouvindo, e cheirando — mas também podemos usar instrumentos para expandir e refinar os nossos sentidos básicos: termómetros, microscópios, telescópios, radares, detetores de radiação, cristalografia de raios-X, etc. E, quando se trata de observar, estes instrumentos fazem-no muito melhor do que nós! Para além disso, o ser humano não pode observar diretamente muitos dos fenómenos que a ciência investiga (por exemplo, por mais que se olhe para um ecrã de computador, não há forma de observar os seus átomos constituintes, ou a radiação ultravioleta que emite). Em casos como este, temos que nos apoiar em observações indiretas feitas através de instrumentos que, para além de nos poderem proporcionar um maior número de observações, também as realizam com uma precisão que os nossos sentidos nunca poderiam alcançar.

Telescópio espacial Hubble microscópio submarino
Instrumentos como o Telescópio Espacial Hubble, microscópios e submersíveis ajudam-nos a observar o mundo natural.

As observações produzem aquilo que os cientistas chamam de dados. Quer a observação seja um resultado experimental, medidas de radiação feitas por um satélite orbitando a Terra, o registo em infravermelhos da erupção de um vulcão, ou apenas a descrição da forma como uma certa espécie de pássaro bate sempre no solo com uma das patas enquanto procura alimento — tudo isto são dados. Os cientistas analisam e interpretam os dados de modo a determinar até que ponto é que a informação obtida dá validade às suas hipóteses e teorias. Será que os dados apoiam uma ideia em detrimento das demais, ajudam a refutar uma ideia, ou será que sugerem uma explicação completamente diferente? Apesar de poder parecer uma coisa complicada, frequentemente representada através de gráficos detalhados ou análises estatísticas complexas, é importante lembrar que, ao nível mais básico, os dados são apenas observações.

As observações inspiram, dão suporte, e ajudam a refutar hipóteses e teorias científicas. Contudo, teorias e hipóteses (as estruturas fundamentais do conhecimento científico) não podem ser "lidas" diretamente da natureza. Uma bola que cai (não importa o quão detalhadas as nossas observações possam ser) não nos diz diretamente como é que a gravidade funciona, e colecionar observações sobre as diferentes espécies de tentilhões nas Ilhas Galápagos não nos diz diretamente como foi que os seus bicos evoluíram. O conhecimento científico é construído à medida que os cientistas produzem novas hipótese e teorias, testam estas últimas continuamente através de observações feitas no mundo natural, e continuam a refinar essas explicações com base em novas ideias e observações. Observar é essencial para o processo da ciência, mas é apenas parte da história.

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resumo
  • As observações científicas podem ser feitas diretamente através dos nossos sentidos, ou indiretamente através do uso de instrumentos.

  • No campo da ciência, as observações são usadas como evidência que nos ajuda a determinar quais das nossas explicações são corretas.

equívocos
Equívoco: As observações feitas pelos cientistas dizem-nos diretamente como é que o mundo funciona (ou seja, o conhecimento é "lido" diretamente da natureza, em vez de ser construído).

Retificação: Os cientistas constroem conhecimento através de um processo complexo que envolve o desenvolvimento de ideias sobre a forma como o mundo funciona, e depois verificar se as observações dão suporte a essas explicações. Leia mais sobre este assunto.

ciência em ação
Quando a estrutura do ADN foi descoberta, os cientistas não tinham microscópios suficientemente poderosos para observarem diretamente este tipo de moléculas. Em vez disso, eles tiveram que se apoiar em evidência indireta e no uso de cristalografia de raios-X. Leia a historia completa por detrás desta importante descoberta em A estrutura do ADN: Cooperação e competição.

pontos chave
Pode ajudar os seus estudantes a compreender melhor a diferença entre observação e inferência (por exemplo, entre observações e as hipóteses que estas apoiam) pedindo-lhes regularmente para analisarem textos, vídeos, ou outros materiais de ensino. Os estudantes deverão tentar identificar que aspetos do conteúdo foram diretamente observados, e que aspetos foram gerados por cientistas tentando averiguar o que as observações poderão significar. Por exemplo, durante o visionamento de um vídeo sobre fósseis de mamutes (em Inglês), pode pedir aos seus estudantes para prepararem listas das observações feitas diretamente pelos cientistas e, separadamente, das inferências que os cientistas fizeram com base nestas observações.




Imagem do Telescópio Espacial Hubble fornecida pela NASA; foto do microscópio por Scott Bauer/USDA; foto do submersível por NOAA Ocean Explorer

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