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Normalmente os cientistas consideram múltiplas ideias sobre como algo funciona e, com base na evidência disponível, tentam determinar qual delas é a mais correta. Contudo, os resultados de um teste (quer seja uma experiência ou um outro tipo de estudo) estão frequentemente cheios de surpresas.
- A evidência pode favorecer uma hipótese sobre todas as outras. Por exemplo, durante a perfuração de um atol coralino descobriu-se que a camada de coral tinha mais de mil metros de espessura, dando claramente suporte à ideia de que os atóis se desenvolvem em redor de ilhas vulcânicas em lenta imersão. Com certeza, muitas outras linhas de evidência ajudaram a cimentar a validade desta ideia, em detrimento de todas as explicações alternativas.
- A evidência pode ajudar a excluir algumas das hipóteses. Da mesma forma, os resultados do projeto de perfuração levado a cabo no atol ajudaram a refutar uma hipótese alternativa — a ideia de que os atóis crescem no cume de montanhas submarinas que, por sua vez, foram formadas por detritos oceânicos. Este segundo modelo teria sido compatível com observações que revelassem que os atóis são constituídos apenas por uma fina camada de coral.
- A evidência pode levar à revisão de uma hipótese. Por exemplo, experiências e observações deram por muito tempo suporte à ideia de que a luz era constituída por ondas. Contudo, em 1905, Einstein mostrou que um fenómeno bem conhecido (mas que até então tinha permanecido inexplicável) — o efeito fotoelétrico — fazia perfeito sentido se a luz fosse constituída por partículas discretas. Isto levou os físicos a modificarem as suas ideias sobre a natureza da luz; a luz comportava-se simultaneamente como uma onda e como uma partícula.
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O efeito fotoelétrico é um fenómeno em que eletrões são emitidos por uma superfície metálica quando esta é exposta à luz de certas frequências. Este efeito não foi compreendido quando Einstein sugeriu que a luz era constituída por partículas cuja energia podia tomar apenas certos valores discretos. |
- A evidência pode revelar uma suposição incorreta, levando o cientista a rever as suas suposições e, possivelmente, a reformular a forma como o teste deve ser feito. Por exemplo, nos anos 70 os geólogos tentaram testar ideias para determinarem em que altura teria ocorrido a transição do período Cretáceo ao período Terciário, através da medição da quantidade de irídio existente nas camadas rochosas correspondentes a essa fase. O teste baseava-se na suposição de que o irídio se deposita a uma taxa baixa mas constante. Contudo, para sua grande surpresa, a camada rochosa em análise continha quantidades extraordinariamente elevadas de irídio, uma indicação clara de que a forma como o teste original tinha sido planeado se baseava na falsa suposição de o irídio se depositar a uma taxa baixa e constante.
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O teste de uma ideia requer sempre que se façam algumas suposições. Para saber mais, veja Fazendo suposições.
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- A evidência pode ser tão surpreendente que inspira uma hipótese ou questão científica totalmente nova. Por exemplo, a descoberta inesperada de elevadas quantidades de irídio nas rochas correspondentes à fase de transição entre os períodos Cretáceo e Terciário, acabou por inspirar uma nova hipótese sobre um tópico diferente: que a extinção massiva que ocorreu no fim do Cretáceo tinha sido provocada por uma catastrófica colisão de um asteroide.
- A evidência pode ser inconclusiva, não dando suporte a nenhuma hipótese em particular. Por exemplo, muitos biólogos têm investigado a anatomia e sequências genéticas dos artrópodes (crustáceos, insetos, diplópodes, araneídeos e os seus vizinhos taxonómicos), de modo a determinar como estes grupos se encontram relacionados. Até ao momento, os resultados têm sido inconclusivos, não dando suporte consistente a nenhuma das propostas sobre a forma como estes grupos se inter-relacionam. Os biólogos continuam a recolher mais evidência com o objetivo de resolver esta questão.
Nova evidência pode repercutir no processo da ciência de muitas formas. Ainda mais importante, nova evidência ajuda-nos a avaliar ideias. Para saber mais sobre como a ciência avalia ideias, continue a ler ... |
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