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A avaliação de uma ideia à luz da evidência disponível deveria ser uma atividade simples e óbvia, não é verdade? Ou existe acordo entre os resultados e as expetativas geradas por uma ideia (ou seja os resultados suportam a ideia) ou não (ou seja, rejeitam-na). Por vezes, este processo é relativamente simples (por exemplo, perfurações de um atol coralino ou revelam uma espessa camada de coral, ou apenas uma fina camada superficial). Mas frequentemente tal não é o caso. O mundo real é intrincado e complexo e, muitas vezes, interpretar a evidência associada a uma certa ideia está longe de ser uma tarefa fácil. Para complicar ainda mais a situação, torna-se frequentemente necessário pesar múltiplas linhas de evidência de modo a determinar a validade de uma dada ideia.
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Os testes científicos geram tipicamente aquilo que os cientistas chamam de dados em bruto — observações, descrições ou medições inalteradas, tal como foram obtidas — as quais devem ser posteriormente analisadas e interpretadas. Os dados tornam-se evidência apenas depois de terem sido interpretados de modo a esclarecer o grau de rigor de uma ideia científica. Por exemplo, a investigação das relações evolucionárias entre crustáceos, insetos, diplópodes, araneídeos (aranhas) e os seus vizinhos taxonómicos, pode fornecer a sequência genética de um gene específico em cada um destes organismos. Estes são os dados em bruto mas, na realidade, o que é que eles nos dizem? As longas sequências de Ás, Tês, Gês e Cês que formam o ADN não podem, por si próprias, dizer-nos se os insetos se encontram mais próximos dos crustáceos ou dos araneídeos. Em vez disso, os dados têm que ser analisados através de cálculos estatísticos, o uso de tabelas e/ou representações gráficas. No presente caso, uma biologista poderá iniciar a análise da informação genética alinhando sequências diferentes, chamando a atenção para semelhanças e diferenças, e efetuando cálculos com o objetivo de quantificar o grau de similitude entre as diversas sequências. Apenas então poderá interpretar os resultados e descobrir se estes dão ou não suporte à hipótese de que os insetos se encontram geneticamente mais próximos dos crustáceos do que dos araneídeos.
Além disso, o mesmo conjunto de dados pode ser interpretado de maneiras diversas. Consequentemente, um outro cientista poderia analisar os mesmos dados usando um método novo e chegar a uma conclusão diferente sobre a relação entre insetos, crustáceos e araneídeos. No fim, a comunidade científica acabará por chegar a um consenso acerca de como um conjunto de dados deve ser interpretado, mas este processo poderá levar algum tempo e normalmente envolve o uso de linhas de evidência adicionais.
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