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Em O que é a ciência? e Como a ciência funciona, vimos que a ciência e os cientistas podem lidar com áreas muito diversas. Desde as galáxias mais distantes às partículas mais pequenas da matéria, das origens do tempo à época dos furacões durante o próximo ano, das interações entre economias globais às reações químicas no interior de um neurónio, a ciência investiga todos os fenómenos naturais. E os cientistas podem usar abordagens muito diversas quando fazem investigação em cada um destes campos. Algumas baseiam-se em experiências, outras em observações. Algumas levam a becos sem saída, outras a descobertas inesperadas. Algumas levam a avanços tecnológicos, e outras podem pôr em causa uma teoria bem estabelecida. Mas, apesar de toda esta variedade, o objetivo da ciência mantém-se sempre o mesmo — construir explicações naturais sempre mais precisas e poderosas de como o universo funciona — e isso requer o uso de evidência para testar ideias de forma a construir argumentos científicos. Estes argumentos constituem a essência da ciência. |
No campo da ciência, o termo argumento não se refere a um desentendimento entre duas pessoas, mas a um modo de raciocinar que se fundamenta no uso de evidência. Por conseguinte, os argumentos científicos assemelham-se mais às alegações finais de um julgamento (uma descrição lógica do que pensamos e porquê), do que ao tipo de discussões acaloradas que você poderá ter tido com um dos seus irmãos. Um argumento cientifico inclui três componentes: a ideia (uma hipótese ou teoria), as expetativas geradas por essa ideia (a que frequentemente chamamos de previsões), e os dados obtidos necessários para avaliar essas expetativas (a evidência). Estas componentes relacionam-se sempre de acordo com a mesma forma lógica:
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1. O que é que esperaríamos observar se esta ideia estivesse correta (ou seja, que resultados esperamos obter)?
2. O que é que observamos na prática?
3. As nossas expetativas estão de acordo com as observações por nós feitas? |
Se uma ideia gera expetativas que se revelam ser exatas (ou seja, são observadas na prática), então é mais provável que a ideia esteja correta. Se uma ideia gera expetativas que se revelam inexatas (ou seja, não são observadas na prática), então estamos menos inclinados a aceitar essa ideia. Por exemplo, suponhamos a ideia de que as células são a unidade básica da vida. Se tal fosse verdade, então esperaríamos encontrar células em todo o tipo de tecidos biológicos observados ao microscópio — isto é o que esperamos observar. De facto, tal é observado na prática (os nossos resultados atuais), e portanto a evidência dá suporte à ideia de que os organismos vivos são constituídos por células.
Embora a estrutura deste argumento seja consistente (hipótese, seguida pela formulação de expetativas, seguida pela recolha de dados), a ordem pela qual as diversas componentes são reunidas pode variar. Por exemplo, as células foram observadas pela primeira vez no século XVII, mas a teoria celular foi postulada apenas 200 anos mais tarde — portanto, neste caso, a evidência efetivamente ajudou a inspirar a ideia. Independentemente de quem chega primeiro, a lógica que relaciona ideia e evidência mantém-se sempre a mesma.
De seguida, iremos explorar argumentos científicos e como construí-los. Você pode investigar:
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