Explore uma representação interativa de como a ciência se processa. Página original em inglês Home Glossário pesquisa home Compreender a Ciência Para professores Biblioteca de recursos
Fusão Fria
página 1 de 12
seguinteseguinte
  Fusão fria: Um caso de estudo do comportamento científico
pela equipa Saber Ciência

Stanley Pons e Martin Fleischmann

Químicos da Universidade de Utah Stanley Pons (à esquerda) e Martin Fleischmann.
 
A maioria das pessoas — incluindo cientistas e políticos — reconhece agora que paira no nosso futuro uma grave crise energética. As populações humanas usam uma enorme quantidade de energia, e como a população cresce e os padrões de vida aumentam, vão exigir ainda mais energia. Infelizmente, as fontes de energia atualmente à nossa disposição têm grandes desvantagens a longo prazo. O petróleo é eficiente, mas contribui para a mudança climática e eventualmente vai-se esgotar. O carvão é abundante, mas poluente. A energia solar é atraente, mas apenas disponível em dias de sol — e depois, atualmente é cara! Uma fonte de energia limpa e confiável que não se esgote tão cedo iria resolver os nossos problemas energéticos e revolucionar o mundo. Você pode pensar que tal fonte de energia é um sonho, mas na verdade, ela já foi descoberta — na água do mar! A água do mar contém um elemento chamado deutério — hidrogénio com um neutrão extra. Quando dois átomos de deutério são empurrados de modo a se aproximarem suficientemente, eles fundem-se num único átomo, libertando uma grande quantidade de energia. Infelizmente, descobrir exatamente como obter átomos de deutério suficiente perto uns dos outros — de maneira que não consuma mais energia do que a fusão gera — tem sido um desafio.

átomos de deutério e hidrogénio
Um átomo de hidrogénio tem apenas um único protão no seu núcleo, enquanto que o deutério, um isótopo raro de hidrogénio, tem um protão e um neutrão.
 
O processo pelo qual dois átomos se unem, ou fundem, num único átomo pesado chama-se fusão. Fusão é a fonte de energia das estrelas, como o nosso Sol — onde ela ocorre a cerca de 15.000.000 °C. Em 1989, os químicos Stanley Pons e Martin Fleischmann fizeram manchetes com a alegação de que tinham produzido fusão à temperatura ambiente — fusão "fria" em comparação com as altas temperaturas que se pensava serem necessárias para o processo acontecer. Era o tipo de descoberta com a qual os cientistas sonham: uma simples experiência com resultados que poderiam reformular a nossa compreensão da física e mudar a vida do mundo inteiro. No entanto, faltava um ingrediente fundamental nessa "descoberta": o bom comportamento científico.

Este estudo de caso destaca estes aspetos da natureza da ciência:

  • A comunidade científica é responsável por verificar o trabalho dos membros da comunidade. Através da análise dessa comunidade, a ciência corrige-se a si mesma.
  • Os cientistas procuram ativamente evidência para testar as suas ideias — mesmo que os testes sejam difíceis. Eles esforçam-se por descrever e realizar os testes que provariam que as suas ideias estão erradas e/ou por permitir que outros o façam.
  • Os cientistas têm em consideração toda a evidência disponível no momento de decidir se devem aceitar uma ideia ou não — mesmo que isso signifique abandonar uma hipótese favorita.
  • A ciência baseia-se num equilíbrio entre o ceticismo e a abertura a novas ideias.
  • Os cientistas costumam verificar resultados surpreendentes, tentando replicar o teste.
  • Na ciência, as descobertas e ideias devem ser verificadas com múltiplas linhas de evidência.
  • Os dados requerem análise e interpretação. Diferentes cientistas podem interpretar os mesmos dados de maneiras diferentes.
Toda esta secção está disponível em PDF.

veja também
Em toda esta história, vamos realçar as normas de bom comportamento científico. Para rever estes padrões, visite a nossa secção sobre o código de conduta dos cientistas.




Foto de Pons e Fleischmann por cortesia da Universidade de Utah

Home | Acerca | Copyright | Créditos e Colaboradores | Contactos