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Asteroides e dinossauros
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  O olho da tempestade
Uma verdadeira controvérsia científica tinha começado. Os cientistas estavam confiantes de que os dinossauros tinham sido extintos e estavam confiantes de que uma anomalia de irídio generalizada tinha marcado a fronteira K-T; porém eles continuavam a debater com veemência a relação entre os dois e a causa da anomalia de irídio.

A equipe de Alvarez tinha colocado a hipótese de uma causa específica para um evento histórico único ocorrido numa época em que não havia ninguém por perto para observar diretamente. Você pode pensar que isso tornaria a hipótese impossível de testar ou que a evidência relevante seria difícil de encontrar. Longe disso. De facto, a comunidade científica pegou na ideia e trabalhou com ela, explorando muitas outras linhas de evidência, todas relevantes para a hipótese do asteroide.

  • Percentagem de organismos que foram extintos ao longo dos últimos 200 milhões de anos com base no registo fóssil
    Percentagem de organismos que foram extintos ao longo dos últimos 200 milhões de anos com base no registo fóssil.
     
    Extinções: Se o impacto de um asteroide tinha realmente causado um desastre ecológico global, isso teria levado à súbita extinção de muitos grupos diferentes. Assim, se a hipótese do asteroide fosse correta, esperaríamos encontrar muitas extinções no registo fóssil correspondente exatamente ao limite K-T, e menos extinções ocorridas nos milhões de anos que antecederam o fim do Cretáceo.

  • A linha ondulada laranja vista nesta parede de uma pedreira de Belize marca a base de um fluxo de detritos K-T que pode ter sido causado pelo impacto de um asteroide
    A linha ondulada laranja vista nesta parede de uma pedreira de Belize marca a base de um fluxo de resíduos K-T que pode ter sido causado pelo impacto de um asteroide.
     
    Restos de impacto: Se um grande asteroide tivesse atingido a Terra no final do Cretáceo, teria arremessado para fora partículas do local do impacto. Assim, se a hipótese do asteroide fosse correta, esperaríamos encontrar partículas do local do impacto na camada limite K-T.

  • Fragmentos esverdeados de argila encontrados nesta rocha K-T de Belize foram em tempos fragmentos de vidro
    Fragmentos esverdeados de argila encontrados nesta rocha K-T de Belize foram em tempos fragmentos de vidro.
     
    Vidro: Se um grande asteroide tivesse atingido a Terra no final do Cretáceo, teria gerado uma grande quantidade de calor, derretendo rocha e formando vidro, e lançando partículas de vidro para longe do local do impacto. Assim, se a hipótese do asteroide fosse correta, esperaríamos encontrar vidro do impacto na fronteira K-T.

  • Os dois conjuntos de lamelas planares neste grão de quartzo da fronteira K-T na Bacia Raton, Colorado, são forte evidência de que a sua origem se deve a um impacto
    Os dois conjuntos de lamelas planares neste grão de quartzo da fronteira K-T na Bacia Raton, Colorado, são forte evidência de uma origem proveniente de impacto.
     
    Ondas de choque: Se um grande asteroide tivesse atingido a Terra no final do Cretáceo, teria gerado ondas de choque poderosas. Assim, se a hipótese do asteroide está correta, seria de esperar encontrar evidência destas ondas de choque (como grãos de quartzo com deformações causadas pelo choque) na fronteira K-T.

  • Estes montes de entulho devidos a um tsunami encontrados ao longo da costa do sudeste de Bonaire não são do limite K-T, mas sugerem qual o tipo de detritos devidos a um tsunami devemos esperar identificar perto do limite K-T
    Estes montes de entulho devidos a um tsunami encontrados ao longo da costa do sudeste de Bonaire não são do limite K-T, mas sugerem qual o tipo de detritos devidos a um tsunami devemos esperar identificar perto do limite K-T.
     
    Detritos de Tsunami: Se um grande asteroide tivesse atingido um dos oceanos da Terra, no final do Cretáceo, teria causado tsunamis, que teriam retirado sedimentos do fundo do mar para os depositar noutro lugar. Assim, se a hipótese do asteroide fosse correta, esperaríamos encontrar restos de detritos de tsunamis na fronteira K-T.

  • Esta cratera de meteorito no Arizona não é do tempo do limite K-T, mas sugere o tipo de formação terrestre devida ao impacto de um grande asteroide
    Esta cratera de meteorito no Arizona não é do tempo do limite K-T, mas sugere o tipo de formação terrestre devida ao impacto de um grande asteroide.
     
    Cratera: Se um grande asteroide tivesse atingido a Terra no final do Cretáceo, teria deixado para trás uma enorme cratera. Assim, se a hipótese do asteroide fosse correta (e assumindo que a cratera não foi posteriormente destruída pela ação tectónica), esperaríamos encontrar uma cratera gigantesca nalgum lugar na Terra que data do fim do Cretáceo.

A evidência relevante para cada uma destas expetativas é complexa (cada uma delas é. por si mesma. uma lição sobre a natureza da ciência!) e envolveu o trabalho de cientistas de todo o mundo. O resultado de todo esse trabalho, discussão e análise foi a de que a maioria das linhas de evidência parecia ser consistente com a hipótese do asteroide. O limite K-T é marcado por restos do impacto, pedaços de vidro, quartzo chocado, detritos de tsunami — e, claro, a cratera.

A cratera de Chicxulub, com cerca de 180 km de diâmetro, está enterrada ao largo da Península de Yucatán. Pouco depois de a equipe de Alvarez ter publicado a sua hipótese do asteroide em 1980, uma companhia petrolífera mexicana tinha identificado Chicxulub como o local de um enorme impacto de um asteroide. No entanto, uma vez que a descoberta foi feita no contexto de exploração de petróleo, não foi amplamente divulgada na literatura científica. Foi apenas em 1991 que os geólogos relacionaram as observações relevantes (por exemplo, peculiaridades da força da gravidade perto de Chicxulub) com a hipótese do asteroide.

Mapa mostrando a localização da cratera de impacto de Chicxulub Testes realizados noutra camada exposta da fronteira K-T em Stevns Klint, na Dinamarca, confirmaram a presença de uma anomalia de irídio
À esquerda, um mapa mostrando a localização da cratera de impacto de Chicxulub. À direita, um mapa de gradiente horizontal da anomalia da gravidade sobre a cratera de Chicxulub, construído a partir de dados recolhidos no México durante a exploração de petróleo e aumentada com dados adicionais de várias universidades e do Serviço Geológico do Canadá. A linha branca indica a costa de Yucatán. Os pontos brancos representam a localização de dolinas (cenotes).

Chicxulub pode parecer ser a "prova final" da extinção dos dinossauros (como por vezes tem sido chamado) — mas na verdade está longe de ser a última palavra sobre a hipótese do asteroide …

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veja também




Foto de pedreira de Belize da NASA/JPL; fragmentos de vidro alterados por cortesia de David T. King, Jr., Auburn University; grão de quartzo chocado do U.S. Geological Survey/foto de G.A. Izett; foto de detritos de tsunami por cortesia de Anja Scheffers, Southern Cross University; foto de cratera de meteoro de NASA/foto por D. Roddy; mapa de anomalia de gravidade de A. HIldebrand, M. Pilkington, e M. Connors.

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