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A revisão por pares faz pela ciência o mesmo que o autocolante "inspecionado por …" faz pela sua t-shirt: oferece garantia que alguém que sabe o que está a fazer verificou a sua qualidade. No campo da ciência, a revisão por pares normalmente funciona da seguinte forma:
- Um grupo de cientistas termina um estudo e escreve um relatório em forma de artigo. Seguidamente, submetem-no a uma revista científica para publicação.
- Os editores da revista científica remetem o artigo a vários cientistas que trabalham no mesmo campo (ou seja, os "pares" na revisão por pares).
- Estes revisores fazem a avaliação do artigo, fornecendo ao editor uma opinião sobre se o estudo possui o nível de qualidade necessário para ser publicado.
- Os autores podem depois rever o seu artigo, e submetê-lo novamente para apreciação.
- São aceites para publicação apenas os artigos que possuem um alto nível científico (por exemplo, reconhecem e baseiam-se em trabalho efetuado previamente na área, apoiam-se em raciocínios lógicos e estudos bem concebidos, suportam as suas asserções através do uso de evidência, etc.).
A revisão por pares e a publicação são processos que requerem tempo, sendo frequente passar mais de um ano entre a submissão inicial e o momento da publicação. O processo também é altamente seletivo. Por exemplo, a respeitada revista Science aceita para publicação menos de 8% dos artigos que recebe, e The New England Journal of Medicine publica apenas 6% dos artigos submetidos.
Artigos publicados através da revisão por pares constituem uma forma fidedigna de comunicação científica. Mesmo que alguém não se encontre familiarizado com o tópico ou com os autores de um determinado estudo, a revisão por pares garante que este satisfaz certos padrões de qualidade científica. Dado que o conhecimento científico é cumulativo e cresce sobre si próprio, esta confiança revela-se particularmente importante. Nenhum cientista deseja basear o seu trabalho em estudos de qualidade duvidosa efetuados por outras pessoas! Estudos publicados através da revisão por pares não são necessariamente corretos ou conclusivos, mas satisfazem os níveis de qualidade exigidos pela ciência. E tal significa que, se um trabalho de investigação científica passa pelo processo de revisão por pares e é publicado, a ciência tem de lidar com ele de algum modo — talvez incorporando-o no acervo permanente de conhecimentos científicos, talvez continuando a desenvolver as ideias propostas, ou tentando perceber porque estão erradas, ou tentando replicar os resultados publicados.
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