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  Argumentos com pernas para andar
Ideias científicas poderosas geram não apenas uma, mas muitas expetativas diferentes. Como exemplo, vamos voltar à ideia de que os continentes que hoje conhecemos formaram em tempos um único super-continente e, desde então, se têm vindo a afastar uns dos outros. Esta ideia gera muitas expetativas diferentes. Por exemplo, nós esperaríamos encontrar:

O mesmo tipo de fósseis em continentes hoje muito afastados entre si. Continentes cujos contornos poderiam em tempos ter encaixado uns nos outros.
O mesmo tipo de fósseis em continentes hoje muito afastados entre si. Continentes cujos contornos poderiam em tempos ter encaixado uns nos outros.


Correspondência entre camadas rochosas, e entre formações geológicas, em continentes agora distantes, mas que no passado se encontravam unidos. Relações evolucionarias entre espécies não marinhas que refletem a rotura do antigo super-continente.
Correspondência entre camadas rochosas, e entre formações geológicas, em continentes agora distantes, mas que no passado se encontravam unidos. Relações evolucionárias entre espécies não marinhas que refletem a rotura do antigo super-continente.


Evidência direta de movimentos tectónicos em curso, obtida através de medições precisas efetuadas por satélite. Um mecanismo plausível responsável pela deriva dos continentes.
Evidência direta de movimentos tectónicos em curso, obtida através de medições precisas efetuadas por satélite. Um mecanismo plausível responsável pela deriva dos continentes.


Desde fósseis antigos a medições muito sofisticadas feitas por satélite, todas as expetativas geradas por esta ideia foram confirmadas na prática através de observações. Um conjunto tão diverso de observações, todas a apontar para a mesma ideia (tectónica de placas, neste caso), fornece a essa ideia um suporte robusto capaz de resistir ao intenso escrutínio levado a cabo pela ciência — tal como uma mesa construída sobre muitas pernas é mais estável que uma mesa apenas com um par de pernas a abanar.

Portanto, a cada hipótese ou teoria está frequentemente associado um leque variado de previsões — todas elas repercutindo sobre a sua precisão. Não admira então que avaliar ideias científicas esteja longe de ser uma tarefa fácil: algumas das expetativas geradas por uma ideia vêm a ser confirmadas e dão suporte a essa ideia, enquanto outras não.

Para rever alguns dos critérios usados para avaliar ideias científicas, visite Ideias em competição: A explicação perfeita para os dados e Ideias em competição: Outras considerações.

resumo
  • As ideias científicas normalmente geram muitas expetativas diferentes e, por conseguinte, podem ser clarificadas através de várias linhas de evidência diversas.

  • Se uma ideia é apoiada por varias linhas de evidência, a nossa confiança nessa ideia aumenta.

pontos chave
Várias atividades podem ajudar os estudantes a gerar explicações baseadas na evidência avaliável — visite, por exemplo, O Laboratório de Cheques (em Inglês) ou Dino-dados. Este género de atividades pode ser facilmente adaptado às necessidades de diferentes disciplinas científicas. A ideia é, simplesmente, apresentar a evidência aos estudantes, e depois encorajá-los a sugerir várias explicações que se ajustem à evidência disponível. Conforme novas linhas de evidência vão sendo reveladas, os estudantes poderão reajustar as suas explicações hipotéticas.

ciência em ação
Para ver um exemplo de como uma ideia pode gerar múltiplas expetativas (e depender de múltiplas linhas de evidência), leia a historia de Lynn Margulis, Células dentro de células: Uma hipótese extraordinária com evidência extraordinária.





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