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Em livros policiais, a resposta a esta pergunta é retida até à última página …
… mas ao avaliar uma mensagem dos média sobre a ciência, é uma das primeiras coisas a considerar:
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Qual é a fonte desta mensagem? É um artigo sensacional numa revista popular, uma peça de jornalismo de investigação num jornal de referência, um destaque numa publicação científica direcionada ao público em geral, ou um artigo original numa revista científica? Cada uma destas fontes irá fornecer-lhe um nível diferente de informação e, provavelmente, um nível diferente de fidelidade à ciência original. Então, se você estiver a ler um breve resumo no seu jornal local, não pense que conhece toda a história!
- Será que a fonte tem uma agenda ou um objetivo? Todas as mensagens dos média têm objetivos, que podem afetar as informações apresentadas. Por exemplo, as mensagens científicas que aparecem na publicidade (como "Clinicamente comprovado para reduzir as rugas") destinam-se a vender um produto e é pouco provável que forneçam a história completa. Algumas publicações são destinadas a mobilizar os leitores em torno de questões específicas, como o ativismo ambiental, o anti ambientalismo, ou questões ligadas à saúde, e por isso podem apresentar uma visão distorcida da ciência. Se você realmente quer toda a informação sobre uma questão científica, é melhor procurar uma fonte cujo principal objetivo seja mesmo explicar a ciência envolvida. Publicações de ciência destinadas ao público em geral fornecem este tipo de informação. Como já vimos noutras secções deste site, os cientistas esforçam-se por ser imparciais no seu trabalho científico, mas, ocasionalmente, a interpretação deste trabalho pelos meios de comunicação apresenta distorções.
Uma pesquisa científica original pode ser interpretada muitas vezes antes de chegar até si. Primeiro, os pesquisadores vão descrever a investigação num artigo numa revista científica, o que pode então ser adaptado num comunicado de imprensa simplificado, que será lido por jornalistas e traduzido mais uma vez num artigo de jornal, revista ou internet e assim por diante. Erros e exageros podem ser introduzidos em cada adaptação.
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COMPREENDENDO TUDO AO CONTRÁRIO
Em 2004, um grupo internacional de investigadores modelou o efeito das mudanças climáticas previstas para os próximos 50 anos, e reportou que a quantidade de mudanças prevista poderia, eventualmente, causar a extinção de 15 a 37% de um grupo restrito de espécies terrestres. Era ciência simples e direta. No entanto, grande parte da cobertura da imprensa que se seguiu foi tão sensacional quanto imprecisa. Por exemplo, o Guardian (jornal de referência inglês) publicou a manchete:
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Um desastre pouco natural:
O aquecimento global matará 1 milhão de espécies
Os cientistas estão chocados com os resultados da investigação
1 em cada 10 animais e plantas extintos até 2050 |
Na verdade, a maioria das notícias nos jornais errou, muitas vezes sugerindo que mais de um milhão de espécies iria extinguir-se até 2050 e não, como a ciência indicava, que mais de um milhão de espécies estariam condenadas à extinção até 2050, mas na realidade desapareceriam depois dessa data. Além disso, muitos sites divulgaram a história, e como se poderia esperar, os sites ambientalistas tenderam a publicar versões mais sensacionalistas da história, e sites com uma inclinação anti ambientalista tenderam a negar a história. Neste caso, é claro que a fonte da história fez uma grande diferença na informação oferecida aos leitores.
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O nosso exemplo de artigo sobre o aquecimento global parece ter sido baseado numa entrevista com um cientista chave e possivelmente também um comunicado de imprensa. No entanto, nenhuma publicação científica específica (como um artigo de jornal) é citada, o que torna difícil saber mais sobre este trabalho. Pelo lado positivo, não temos nenhuma razão particular para acreditar que um jornal de grande circulação ou o autor do artigo teria qualquer objetivo que não fosse informar os leitores de um desenvolvimento interessante na ciência. |
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