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Reportar de forma equilibrado é geralmente importante no bom jornalismo, e o equilíbrio tem as suas virtudes. O público deve ser capaz de obter informações sobre todos os lados de uma questão mas isso não significa que todos os lados da questão mereçam igual peso. A ciência trabalha examinando cuidadosamente a evidência que apoia diferentes hipóteses, e desenvolvendo aquelas que têm mais apoio. Jornalismo e políticas que falsamente concedem a todos os pontos de vista a mesma legitimidade científica efetivamente anulam um dos principais objetivos da ciência: ponderar a evidência.
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Por exemplo, o nosso exemplo de artigo sobre o aquecimento global equilibra o seu relato desta forma:
Alguns cientistas acreditam que o dióxido de carbono produzido pelo homem está a fazer com que a Terra aqueça perigosamente. Esta opinião é corroborada por alguns estudos de testemunhos de gelo. Contudo, os céticos questionam essa opinião, argumentando que não temos evidência de que o aquecimento não é simplesmente uma parte natural das flutuações climáticas do planeta. |
e depois termina com mais incerteza:
No entanto, os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão sobre a questão principal inspirada pelos dados dos núcleos de gelo: Será que níveis mais altos de dióxido de carbono realmente causam o aumento da temperatura? |
Este relatório mantém os padrões jornalísticos de imparcialidade, mas não é uma descrição muito precisa do estado da ciência na época. Mesmo no início de 1990, os cientistas que estudaram a questão tinham pesado a evidência e concluído que o aquecimento global poderia provavelmente ser atribuído ao aumento da produção pela humanidade de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono. No entanto, o artigo de jornal parece dar igual peso aos poucos céticos. E esta falsa imparcialidade não é incomum. Uma pesquisa de artigos em jornais de primeira linha dos Estados Unidos publicados entre 1988 e 2002, constatou que 52,6% dos que lidavam com o aquecimento global equilibrava o relato da contribuição humana para o aquecimento global com um ponto de vista cético. Entretanto, a evidência científica para a contribuição humana para o aquecimento global tornou-se cada vez mais convincente. Um levantamento de 928 artigos em revistas científicas publicadas entre 1993 e 2003 constatou que nenhum deles discordava da ideia de que as atividades humanas estão a provocar o aquecimento global! Tal desfazamento entre as verdadeiras opiniões da comunidade científica e os representados na imprensa popular tornam difícil para um leitor casual obter um retrato exato da ciência em jogo.
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