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Contrariamente à opinião popular, a ciência não prova nada …
Todas as ideias científicas mesmo as mais amplamente aceites e melhor apoiadas, como a teoria microbiana das doenças ou a física atómica básica são inerentemente provisórias, o que significa que a ciência está sempre preparada para rever essas ideias se isso for justificado por nova evidência. No entanto, este caráter provisório não quer dizer que as ideias científicas não são confiáveis … e é aqui que alguns relatos dos meios de comunicação social sobre a ciência podem induzir em erro, confundindo provisoriedade com infidedignidade. Por exemplo, no nosso exemplo de artigo, a evidência para a contribuição pela humanidade para o aquecimento global é descrita como sendo insegura ("Alguns cientistas acreditam que o dióxido de carbono produzido pelo homem está a fazer com que a Terra aqueça perigosamente. Esta opinião é corroborada por alguns estudos de testemunhos de gelo."), apesar da evidência que apoia a ideia ser realmente muito forte. Claro, a ciência não pode provar que as atividades humanas provocam o aquecimento global, mas também não pode provar a existência da gravidade; contudo, ambas as ideias são confiáveis e fortemente apoiadas por evidência.
Algumas políticas cometem o mesmo erro de interpretação da provisoriedade na ciência. Por exemplo, em 2002, o governo dos EUA pediu mais estudos para resolver "inúmeras incertezas [que] permanecem sobre a causa e efeitos do aquecimento global" antes de agir. É verdade que inúmeras incertezas sobre o aquecimento global existiam em 2002 e existem hoje. Incerteza e caráter provisório são aspetos inerentes à natureza da ciência. No entanto, mesmo em 2002, os climatologistas tinham uma compreensão forte e bem fundamentada das principais características do aquecimento global.
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ATENÇÃO AO EXAGERO
No extremo oposto da escala, alguns relatos dos meios de comunicação social exageram as implicações das descobertas científicas para além de toda a proporção, não mencionando ressalvas e pesquisas adicionais ainda a ser feitas. Por exemplo, a cada poucos anos, a terapia genética aparece no centro nos noticiários e por uma boa razão. A terapia genética traz a promessa de corrigir doenças genéticas na sua origem, substituindo genes defeituosos com as versões que funcionam corretamente, mas isso ainda é em grande parte apenas uma promessa. Um artigo num jornal de 1993, por exemplo, previu que "O ADN humano será uma importante 'droga' para o coração no futuro próximo, com a terapia genética a tornar-se um tratamento comum", embora tal tratamento ainda não existisse mais de uma década depois da publicação desse artigo. Tais relatórios sensacionalistas ignoram as dificuldades logísticas de levar os novos genes às células que precisam deles. Assim, enquanto o telejornal pode anunciar terapia genética generalizada como estando "ao virar da esquina", uma investigação profunda sobre a ciência por trás do hype mediático iria mostrar um quadro diferente. Quase 30 anos após os primeiros rumores sobre a possibilidade de terapia genética, a técnica ainda está em estágios experimentais.
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