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O estereótipo normalmente associado aos cientistas (reclusos que falam de forma confusa num jargão técnico) não corresponde exatamente à imagem de pessoas cujo trabalho depende de constante comunicação e de uma comunidade. Mas, de facto, interações dentro da comunidade científica são uma componente essencial do processo da ciência. Os cientistas não trabalham em isolamento. Se bem que por vezes trabalhem sozinhos (às voltas com uma experiência no laboratório, caminhando através da Amazónia, ou tirando notas à secretária), os cientistas podem da mesma forma ser vistos a escrever emails aos seus colegas, debatendo com outros cientistas durante uma pausa para o café, participando em reuniões no laboratório, ou preparando uma apresentação para uma conferência e artigos para serem publicados em revistas científicas. No campo da ciência, até aqueles poucos que trabalham completamente sozinhos devem por fim partilhar o seu trabalho, de modo a que este se torne parte do acervo permanente do conhecimento científico.
Em termos do processo da ciência, os membros da comunidade têm diversas funções essenciais e que requerem envolvimento direto:
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Controlador de factos/crítico: a comunidade faz a avaliação de evidência e ideias. O escrutínio realizado pela comunidade científica ajuda a assegurar que a evidência vai ao encontro dos mais altos padrões de qualidade, que todas as linhas de evidência relevantes são exploradas, e que os juízos emitidos são baseados em raciocínios lógicos e coerentes. |
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Inovador/visionário: a comunidade gera novas ideias. Interações dentro de uma comunidade diversa e criativa dá origem a novas ideias acerca de novas linhas de evidência, novas interpretações de dados existentes, novas aplicações, novas questões e explicações alternativas — todas elas contribuindo para o avanço da ciência. |
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Vigilante/delator: através do seu olhar atento, a comunidade ajuda a eliminar fraude e a falta de imparcialidade. Ainda que atos de fraude sejam raros e a falta de imparcialidade seja frequentemente involuntária, os casos que envolvem este tipo de ofensa são detetados através do escrutínio e trabalho continuado da comunidade científica. |
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Motivador/supervisor: a comunidade encoraja e motiva os cientistas. A comunidade oferece perspetivas de reconhecimento, estima, e um legado científico — benefícios que ajudam a motivar os cientistas nas suas pesquisas. |
Interações dentro da comunidade científica, e o escrutínio que daí advém, são atividades que requerem tempo e podem abrandar o processo da ciência. Contudo, estas interações são fundamentais, pois contribuem para assegurar que a ciência nos fornece descrições cada vez mais precisas e úteis de como o mundo funciona.
Mas, exatamente, como consegue a comunidade científica desempenhar todas estas funções tão exigentes? Para saber mais sobre algumas das características-chave da análise levada a cabo pela comunidade — publicação, revisão por pares, e replicação — continue a ler … |
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